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segunda-feira, 24 de junho de 2013

MPL-GV na Radio Universitária

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Movimento Passe Livre - Grande Vitória presente e comentando sobre as manifestações ocorridas em Vitória desde o dia 17/06.

Ouça.



terça-feira, 18 de junho de 2013

Não começou em São Paulo e não termina em Brasília

3 comentários:
As ondas de protestos pelo mundo atingiu de novo o Brasil. Dessa vez, podemos ver que de uma forma bem mais massiva potencializada principalmente pelas ações do Movimento Passe Livre – São Paulo, junto a outros movimentos sociais. Corte de pista, barricadas e mascaras se tornaram símbolo de um movimento que já existe a anos em muitas cidades brasileiras.

O Espírito Santo, ou mais precisamente a Grande Vitória (mas não só), também se tornou parte do que vem acontecendo pelo mundo. Mobilizações massivas convocadas por redes sociais em busca de direitos e de liberdade. Mobilizações essas que contam com os mais diversos públicos já imaginado tomando as ruas, pelo povo.

Desde 2011 o mundo globalizado e digital troca informações e notícias sobre a queda de governos autoritários e fascistas, primaveras revolucionárias, luta contra neo-nazistas e anti-imigrantistas nacionalistas, em geral, lutas de vários povos não pautadas pela mídia.
Nesse mesmo ano, o Movimento Passe Livre de diversas cidades de novo se organizou, como nunca deixou de fazer, e apoiou as manifestações contra o aumento tarifário feitas com diversos movimentos e pessoas. Teresina e Vitória foram as cidades que mais ouve repressão. Cidades que também foram notícia rápida em telejornais, sem muita explicação do “por que”, apenas exaltando a violência contra a polícia armada.

Em 2012, logo no começo de Janeiro, Vitória novamente estava no centro das atenções. Em manifestação contra o novo reajuste de passagem, novamente movimentos sociais e diversas pessoas saem as ruas, somando a elas o Movimento Passe Livre – Grande Vitória.
Nesse período de manifestações, nunca ouvimos um elogio de empresários que também são jornalistas (ficamos felizes por isso), esses na verdade sendo sempre desprezíveis a retratar a revolta popular apenas como “baderna” ou como se quem estivesse na rua fosse na verdade cordeirinhos programados por partidos políticos.


O que acontece agora, já em 2013, não se foi construído a partir de São Paulo. Nem mesmo começou na Primavera Árabe ou no Occupe Wall Street. A insatisfação popular nunca e em lugar algum teve como pauta coisas vazias como “contra-corrupção” já que isso se refere ao governo vigente, e não ao sistema de governo opressor que não tem cara e nem partido.


Nós não saímos do facebook e nem acordamos agora. Estamos em luta desde a resistência indígena, e não paramos nos Palmares.

domingo, 16 de junho de 2013

Nos vemos na rua

Um comentário:


Temos presenciado, organizado e participado de diversas manifestações da juventude Brasileira, contra as arbitrariedades impostas a todos os cidadãos que trabalham e urram para conquistarem o seu pão de cada dia.
Os protestos contra o aumento da tarifa de ônibus nas diversas cidades do Brasil estão provocando tamanha repercussão, não porque a polícia foi e é truculenta, ou pelo número de participantes que praticamente dobra a cada nova manifestação, mas porque os brasileiros estão percebendo que a realidade é mesmo cruel, e que a mídia corporativa não está disposta a revelá-la (a realidade) como é. As redes sociais são um fenômeno interessante nesse momento, é necessário que sejam aproveitadas, pois a comunicação direta é uma arma infalível de propagação da informação.
A revolta contra o aumento nas tarifas foi o choque necessário para que o povo brasileiro acordasse da anestesia provocada pela ideologia do consumismo que, é injetada diariamente pela mídia, nas veias dos cidadãos. O povo está a muito tempo sofrendo acamado, e a tarifa foi só o estopim para a revolta. Chegou a hora de fazer como nos países árabes, ir pras ruas e permanecer lá, porque a rua é não só “a maior arquibancada do Brasil”, a rua é Polis moderna, é o lugar onde a democracia realmente funciona e deve funcionar. O motivo pelo qual os donos do poder estão assustados é exatamente esse, não porque é protesto é violento, ou porque não há líderes, mas porque na rua, os meios institucionais não prevalecem, pois o dialogo e confronto de ideias oriundas da pluralidade de sujeitos que emergem nas ruas, é como uma um vírus que se espalha, as pessoas debatem e não se cansam de debater,  o dialogo extrapola as ruas, as redes sociais, as redes de afinidade, porque todas elas tem algo dizer, todas tem opiniões próprias sobre os problemas do seu bairro, sua cidade, sua nação, todos são líderes, e como o estado negocia com tantos líderes? Só com a polícia.
Estamos no momento ímpar, temos que aproveitá-lo, temos que continuar nas ruas, não para parecer bonito lá fora, ou por vício de fazer arruaça, mas até que a solução (ou a inexistência dela) para os problemas coletivos da sociedade brasileira seja exposta a todos, e para que isso obrigue os políticos tomarem posição, eles tomando posição, seja rejeitando ou aceitando o que vem do povo, a estruturas de poder se abalam, quando isso acontecer acredito que entraremos em período de catarse, pois aí sim o povo vai se entender enquanto povo vai perceber que o país está em suas mãos. Quando isso acontecer um tempo de transformações sem precedentes estará por vir, e isso se dará quando um cidadão comum perceber que os R$ 20 centavos a mais na tarifa, está pagando os R$ 33 bilhões da copa e os R$ 26 bilhões das olimpíadas. Mas não é preciso só acordar, é preciso levantar da cama, esticar os braços e se espreguiçar, por que o sono foi longo, depois disso é desligar a TV e mandar o Jabour de volta para a privada, por que é o lugar de onde ele não deveria ter saído!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Análise dos protesto brasileiros.

Um comentário:

Ao observar os diversos protestos pelo Brasil, suas repercussões e, principalmente, a atuação da “policia” – a qual eu prefiro chamar de porcos ou cachorros do governo, nada contra esses animais, apenas não consigo enxergar como gente, aquele que se volta contra a própria classe – é possível ver diversos pontos em comum independente do local do protesto.

A começar pela “cara” dos manifestantes, em sua esmagadora maioria são jovens, estudantes e é possível dizer até que pertencem a mesma classe social. Essa “onda” de lutas, quase uma primavera, tem em comum a pauta transporte público, redução da passagem e melhorias na qualidade, ora, normalmente quem compõe protestos relacionados à transporte público é quem anda de ônibus, e é no bolso de quem não tem dinheiro que mais aperta esses aumentos tarifários – que são absurdos, não pelos 5, 10 ou 20 centavos que aumentam, mas pelo simples fato de se cobrar pelo direito de ir e vir.

Mas se todos andam de ônibus, porque apenas a parcela juvenil dos usuários dessa droga necessária que é o transporte público vão as ruas, onde estão os trabalhadores que em outros tempos também compunham a linha de frente dos protestos? A resposta me parece ser obvia e simples, o medo da demissão por exercer o direito a revolta, não é difícil encontrar quem diz apoiar o protesto, mas que não pode ir porque está trabalhando. Outro grande motivo também é o fato de, aparentemente, não sair mais do bolso do trabalhador o “vale-transporte” – o que é uma grande mentira, pois é sempre descontada uma porcentagem do salário, o trabalhador, mesmo que não integralmente, ainda paga pra trabalhar (!) – mas onde estão os sindicatos, que em tese deveriam fomentar a luta do trabalhador? Normalmente estão sentados à direita do empresário, tão cooptados quanto se é possível. Com isso temos apenas uma pequena parcela de trabalhadores que, com a cara e a coragem, vão aos protestos, mas que a mídia (que nem preciso dizer de que lado está e o quanto se esforça pra alterar os fatos em favor daqueles que nos exploram) faz desaparecer e reduz toda manifestação a meramente “pirraças de crianças rebeldes”, não dá pra esperar nada diferente de abutres corporativistas burgueses. É importante lembrar também que o que estou chamando de trabalhadores são aqueles que trabalham em tempo integral, pois boa parte dos estudantes, também trabalham a outra metade do período, como escraviários, bolsistas ou escravo-aprendiz.

Passando para a repercussão, analisando obviamente não só a mídia burguesa, mas também outros jornais que não sejam lacaios do Capital/Estado, chamados de “jornais de esquerda”, e principalmente as redes sociais, onde podemos ler a opinião das PESSOAS DE FATO, podemos observar 3 tipos opiniões: os fascistóides reprodutores do que dizem os jornais burgueses, dizendo que as manifestações não passam de badernas, que os porcos deveriam atirar pra matar e suspirando de saudades da época que a ditadura não era velada como é hoje; os que apóiam e dizem que “tem quebrar tudo mesmo”, “só resolve botando fogo em tudo”, mas que nunca aparecem nem ao menos pra gritar; e os acreditam (ou dizem que acreditam) que o protesto é válido mas que (sempre, e independente da forma do protesto) “existem outras maneiras de protestar sem atrapalhar ou vandalizar”, só que nunca nem ao menos dão sequer ideias que não sejam risíveis, não dá pra levar a sério que realmente acredita que abaixo-assinado on-line vai mudar alguma coisa (quanto a esse ponto o jornal Carta Capital já publicou um excelente artigo), vamos direto ao ponto sobre o “vandalismo então”.

A começar com a origem da palavra “vandalus”, era uma tribo “bárbara” que não se sujeitou a dominação do Império Romano e que atacavam os dominadores. Se a palavra não tivesse sido distorcida ao longo dos anos teria muito orgulho em ser chamado de vândalo, li certa vez uma pixação que dizia “Vandalismo é o termo pejorativo para resistência do povo vândalo contra a ordem do Império Romano”
Não consigo entender como que uma vidraça, uma loja, um ônibus ou uma viatura quebrada pode ser mais violento do que bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, balas de borracha, chutes e golpes de cassete. Na verdade nem se todos os manifestantes quisessem realmente tomar uma postura verdadeiramente ofensiva, conseguiriam se comparar a violência cometida pela desigualdade social. A catraca do ônibus é muito mais violenta do que um ônibus em chamas.
Não estou dizendo que a postura pacifista deve ser abandonada de vez assim de uma hora pra outra, apenas acredito que estamos achando muito tranquila a truculência dos porcos para “manter a ordem” (burguesa) e nos alarmando demais com a simples resposta a toda violência burguesa que, talvez por já estarmos acostumados, ignoramos

Diante disso apenas cito um trecho de Urgência das Ruas:
        "Nenhum político e nenhum grande banqueiro ficará impressionado com 500 mil
manifestantes pacíficos, uma vez que não haja dúvida de que eles irão permanecer
não-violentos todo o tempo. Somente a possibilidade de radicalização torna um
movimento ameaçador e por conseqüência forte". (Ned Ludd)
Como bem define Weber, “o Estado é o detentor do monopólio do uso da violência”, quanto um manifestante revida as bombas e tiros com paus, pedras e (ainda não no caso do Brasil) molotovs, ele está apenas tirando esse monopólio das mãos do Estado e mostrando que quem deve deter o poder é o Povo. Isso pode ser claramente visto nos protesto contra a crise europeia em países como França, Espanha e Grécia – protestos esses que aqui no Brasil são vistos com olhos de inveja seguidos de comentários como “La na Europa o povo é organizado, vai todo mundo pra rua”, mas muitas vezes quem diz isso é o mesmo que chama os protestos daqui de baderna.

Por fim, temos a atuação dos cachorros do governo, o show de horrores se repete de forma tão igual em todo o Brasil que muitas vezes chega a ser impossível saber de qual estado é o vídeo apenas olhando pra atuação dos porcos, é praticamente unânime a tática usada, um pelotão da tropa de choque vem de frente com uma parede de escudos com porcos atirando pelos lados da barreira, eles evitam ao máximo chegar perto dos manifestantes enquanto ainda não conseguiram dispersar a massa, por isso lançam bombas de gás e efeito moral quanto estão a 20 metros mais ou menos, corriqueiramente aparecem um ou dois manifestantes chutando as bombas de volta, mas raramente dão conta da quantidade de bombas que são jogadas, não tem jeito, é praticamente impossível querer competir com porcos de munição praticamente infinitas e mascaras que cortam por completo os efeitos do gás – mas a tática de chutar a bomba de volta e, quando se está de luva grossa pegar com a mão e lançar de volta, é excelente porque além de dificultar a visão dos porcos, afasta o gás de perto dos manifestantes. Vendo vídeos de protestos pelo mundo pude observar que os cachorros brasileiros são um dos melhores em dispersão, provavelmente pelo fato de não haver contato físico entre eles e os manifestantes, apenas quando estão em maior número, e também que normalmente a massa de manifestantes corre para longe da policia e a favor do vento, o que faz com que o gás surta ainda mais efeito, os porcos jamais atirarão bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo se estiverem muito perto dos alvos, neste caso usam no máximo os cassetetes e os tiros de borracha, lembro-me de uma cena lindíssima de um protesto no período da ditadura militar chilena, ou um protesto em Oaxaca, em que varias mães fizeram um cordão humano e marcharam em direção aos porcos fazendo-os recuarem (não antes de distribuir alguns tiros, é claro, mas recuaram)

Outro ponto importante também que tenho percebido é a ausência de escudos de proteção e bandeiras nas linhas de frente dos protestos, elas podem ser muito úteis no enfrentamento (obviamente não me refiro a bandeiras partidárias), principalmente no caso de confronto físico elas podem ser usadas para empurrar o pelotão de porcos.

A truculência dos porcos brasileiros, em minha opinião, só perde para os porcos do Oriente Médio, mas lá os protestos são verdadeiras guerras civis, e o fundamentalismo islâmico não perde em nada para as ditaduras abertas que tivemos, entretanto a adesão aos protestos aqui realmente parece ser bem menor, mas não tanto quanto nos é mostrado (como se lá todo mundo fosse politicamente consciente e todo mundo protestasse, não é bem assim, um dos fatores de massificação dos protestos lá é a facilidade de locomoção e o tamanho reduzido dos países).

Estamos passando por um excelente período de lutas pelo Brasil, e ainda podemos melhorar muito...

E ano que vem tem a Copa!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Relato de um participante do protesto do dia 2 de junho de 2011

Nenhum comentário:

Antes eram apenas cartazes, anúncios e pixações, todos dizendo a mesma coisa: 2/6 VITÓRIA VAI PARAR!
Assim como toda a Grande Vitória, incluindo a corja dos governantes, não dei a mínima pra isso.
Não lembro de nenhum outro protesto sobre o transporte antes desse – fora os ônibus queimados em Feu Rosa e Tubarão na época que só tinha ônibus de hora em hora e olhe lá, Tubarão não melhorou muito ainda não - fazia um curso técnico em elétrica, era bibliotecário e trabalhava na Escelsa, algum tempo antes um amigo havia comentado sobre o Massacre na Barra do Riacho e me chamou para um protesto em repúdio ao ocorrido e apoio às vitimas.
Lá conheci algumas pessoas do MCA que me falaram sobre o protesto que ia acontecer dia 2 de junho, me animei muito por ver que pessoas estavam decididas a FAZER algumas coisa em relação ao absurdo que é cobrar pelo direito à transporte.
No dia, quis ir cedo direto pro centro ao invés de ir pro trampo, mas acabei cumprindo minha vida de escravo e fui “bater ponto” (em compensação passei a maior parte do tempo procurando reportagens ou contato com alguém que estivesse lá)
Depois do almoço deixei a biblioteca de lado e fui pro Centro, a reivindicação tornou-se prioridade, na parte da manhã o caos estava formado, a pressão contra o Governo estava dando certo, apesar disso consegui não ficar muito tempo no ônibus, o protesto tinha fechado todo o lado de quem vinha de Cariacica e Vila Velha e metade do lado de quem vinha da Serra, em frente ao Palácio Anchieta, e hora do almoço coincidiu com o momento em que o transito deu uma fluída, graças a liberação de mais uma faixa, que foi o “acordo” firmado com o governo para que houvesse uma “reunião” com o vice-governador Givaldo - na verdade foi um golpe dado para que a tropa de choque conseguisse chegar, quando a comissão estava indo pra reunião os porcos estavam chegando.
Desci no inicio da Av. Princesa Isabel e vi o BME indo em direção ao Palácio na contra-mão, a via que tinha sido liberada.
                                 

Foi quando eu já estava chegando no Palácio que houve a Primeira Explosão, o desespero do primeiro contato com O gás só consigo definir como desesperador, me abriguei em uma loja para procurar uma outra camisa na bolsa pra tampar o rosto, a fumaça sufocava muito. Daí em diante houve o confronto e a correria, muita gente passando mal, muita gente em estado de pânico, muita gente chutando as bombas de volta, tudo muito turvo e rápido, o raciocínio era meramente instintivo, a comunicação era rápida e de um por um, alguém me entregou uma garrafa de vinagre e disse que ajudava a resistir ao gás, a partir disso passei a procurar quem mais precisasse de vinagre e disseminar a informação, todos os conhecimentos uteis (ou nem tanto) eram disseminados pelas conversas rápidas durante o protesto.
Mas precisávamos nos refugiar em algum lugar que fosse possível pensar no que fazer a tarde, o protesto tinha que durar o dia todo.
Então lotamos alguns ônibus e explicando o que estava acontecendo para o motorista pedimos que nos levasse até a UFES.
O motorista mudou a placa do ônibus para “ESPECIAL” e começo a dar uma volta enorme por um caminho ninguém no ônibus conhecia direito, nosso medo era que ele parasse no Quartel, mas a volta tinha sido pra evitar a policia.
O local de concentração foi o Restaurante Universitário que pro nosso desespero já estava fechado, fizemos uma grande “vaquinha” pra compra de pão, enquanto algumas pessoas catavam frutas nas arvores da universidade, outros correrem de sala em sala explicando o que havia acontecido e chamando pra compor os protestos da tarde, e outros iam juntando pedaços de madeiras e quaisquer outras coisas que pudessem ser feitas de barricadas. Logo as pessoas que estavam no protesto haviam dobrado, em animo e quantidade, acreditávamos que pelo menos o Estado seguiria as próprias leis e por se tratar de uma zona Federal não invadiriam a universidade, exceto pelos inúmeros P2 (policiais infiltrados, “à paisana') que sabíamos estar infiltrados na reunião (por algumas vezes conseguimos expulsar um ou dois mas é impossível saber quantos eram ao todo).
Por volta das 15:30 fomos para interromper o fluxo da Av. Fernando Ferrari, a ROTAM já tinha bloqueado toda a “rua da lama” com um contingente superior até do que o utilizado em muitas invasões em Favelas, o BME estava na Ponte da Passagem também com o que me pareceu ser todo o contingente possível (o cheiro do chiqueiro estava insuportável, nunca vi tanto porco junto).
Armamos as barricadas e fechamos todo o sentido Serra/Vitória e retiramos uma parte da grade (que nunca deveria nem ter sido posta, pois serve apenas para mostrar que a universidade está longe de ser pública) para completar a barricada, finalmente uma grade serviu pra algo útil. Sabíamos que haveria mais confrontos, com isso eles perderam o efeito surpresa, e acreditávamos que se fosse necessário uma fuga rápida daria pra usar a UFES como refugio (tolo engano).



Dialogo? Negociação? Nada disso, nem a falsa democracia que eles tanto pregam foi usada, prova disso foi o único “porta-voz” do Estado que “falou” com a gente foi o comandante da operação dando uma ordem policial para a retirada imediata sem qualquer atendimento das nossas exigências, o único objetivo do Estado era dispersar a manifestação. Nós exigimos o mínimo, o dialogo e a garantia de levar outro golpe como de manhã, ao invés disso veio o BME.
Mais tiros, mais bombas, mais gás, muito mais ódio, agora a intenção dos cães não era apenas nos dispersar, era de ATACAR. Um companheiro que aderiu a postura do pacifismo se sentou no chão e ergueu as mãos, juntaram vários porcos para distribuir golpes de cassetetes, chupes e o arrastaram pelo asfalto.
Resistimos como podíamos, atacando pedras, que por mais inútil que possa parecer acabaram atrasando e desviando o foco dos mercenários fardados, o que foi de grande valia para os que auxiliavam quem estivesse ferido ou passando mal, a leva-los para dentro da UFES pra prestar os socorros necessários, mas logo percebemos que nem os cachorros do Estado respeitam as próprias leis, enquanto corria
, levando uma pessoa que estava passando muito mal por causa do gás, para o Cine Metrópoles (onde descobri que leite nos olhos corta o efeito do gás), uma bomba de gás lacrimogênio por pouco não atingiu minha perna – os porcos estavam começando a jogar bombas e atirar para dentro da UFES, para evitar que os feridos fossem atendidos.
Resolvi que minha função seria de “atravessador”, eu entrava e saía da Ufes levando as pessoas feridas até um grupo que estava prestando socorros.
Foi preciso o vice-reitor da época também sofrer com as bombas de efeito moral e o gás para ligar para o vice-governador, em menos de um minuto depois da ligação houve o cessar-fogo.
A essa altura já eramos quase 1000 pessoas totalmente revoltadas com a postura do Estado, sabíamos que a repressão não iria acabar, mas também estávamos determinados a não desistir por causa da repressão.
Então precisávamos nos preparar para a noite...
Saímos em marcha em direção a terceira ponte, o cansaço já tomava conta, a gente se movia apenas pela determinação, um dia inteiro com a Grande Vitória em estado de guerra. Os porcos já sabiam pra onde a gente iria e estavam nos esperando, a noite a confusão foi ainda maior as bombas vinham de todos os lados não conhecia o terreno, apenas a força de vontade não bastou, pra pior guardaram o pior para a noite, a Cavalaria! O Terror de ver aqueles monstros em velocidade e mobilidade pela primeira vez é inimaginável, assim como faziam os Capitães do Mato quando perseguiam os escravos revoltosos que fugiam pros Quilombos, os porcos perseguiam os manifestantes espancavam e prendiam.
O Confronto foi menor por que foi em movimento, era a primeira vez em muitos anos que o Espírito Santo via tanta repressão, similar ao período que a Ditadura Militar estava em seu auge, houve 28 presos-políticos neste dia, os feridos não é possível contabilizar, o terrorismo de Estado não se restringiu ao dia, diversos telefones grampeados, diversas ligações de ameça foram feitas por muito tempo, o rosto de muita gente foi marcado.
Mas o silêncio foi quebrado, a indignação, a revoltada e o sentimento de justiça colocou, no dia seguinte, cerca de 5000 pessoas na rua para protestar novamente...
Depois deste dia tive uma certeza, pode ser que esfrie, pode ser que desmobilize, mas o sentimento de que “é preciso não ter medo, é preciso ter coragem de dizer” vai sempre existir
A LUTA CONTINUA, E NÃO VAI ACABAR!